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Mostrando postagens de fevereiro, 2025

Identitarismo troca conceitos universais por marcas particulares, afirma historiadora

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  Historiadora e psicanalsita Elisabeth Roudinesco Entrevsita conduzida Naná DeLuca (Folha de São Paulo, Mestre em Letras pela USP) A  historiadora e psicanalista francesa Elisabeth  Roudinesco , 77, conhecida por biografar grandes pensadores como Sigmund Freud e Jacques Lacan, diz ter certeza de que "o mundo está se desfazendo para o nascer de outro". Para ela, isso é bom, mas o percurso errático dessa transformação a preocupa. Essa inquietação é o objeto do seu mais recente livro, " O Eu Soberano " (Zahar), que busca compreender as "derivas identitárias" — o encerramento sistemático dos sujeitos em identidades fechadas —, que hoje estão no centro do debate público em vários países. Para conduzir sua pesquisa, ela se pergunta: como os movimentos emancipatórios do século 20 se tornaram o que são hoje? Relendo clássicos do pensamento francófono, como Aimé Césaire,  Frantz  Fanon , Jacques Derrida e Michel Foucault, ao lado de importantes trabalhos atuai...

As armadilhas do identitarismo, Narciso e a solidariedade a Maria Rita Kehl

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  Maria Rita Kehl  Por Rodrigo Toniol na Folha  (Professor de antropologia da UFRJ, é membro da Academia Brasileira de Ciências)   Na semana passada, a psicanalista Maria Rita Kehl foi alvo de um linchamento virtual, após críticas ao que chamou de "movimento identitário". A reação à fala dela incluiu um argumento que lembra os piores crimes da humanidade: a ideia de que ela deveria se calar por conta de uma "herança moral" transmitida geneticamente. Os acusadores se referiam ao fato de o avô de Kehl ter sido um eugenista no início do século 20, sugerindo, portanto, que ela teria herdado, pelos genes, a "paleta moral" dele. A história nos mostra que, quando biologia e julgamento moral se juntam em um mesmo argumento, o ovo da serpente já foi chocado. Os ataques tomaram conta de perfis nas redes sociais e ainda estimularam pessoas a editar a biografia de Kehl na Wikipédia, sublinhando sua ‘degenerescência hereditária’ — para usar um termo caro às teo...

Seminário Educação Popular, Trumpismo e os perigos do tempo presente

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A volta de Donald Trump à Presidência dos Estados tem abalado o mundo. Ameaças, conflitos, expulsão de estrangeiros e ataques a outros países. Ainda pululam as imagens de brasileiros com mãos e pés algemados num voo de deportação, com relatos de alegadas torturas sofridas.  Mas o novo presidente dos Estados Unidos vai mais além: ameaça tomar territórios de outras nações e impõe taxas comerciais que afetam a economia e atingem a todos nós. É desnecessário dizer que o Brasil se encontra numa posição de grande vulnerabilidade diante de tudo isso. Não são poucos os perigos que nos rondam. Diante dessa conjuntura, quais são as perspectivas de futuro? Como o governo Trump pode ser definido? E, no campo educativo,  o que a Educação Popular tem a dizer perante tal realidade (conforme a sua histórica tendência que assume a dimensão político-educativa e que, na América Latina, se referenciou nos ‘cadernos políticos’ de Marta Harnecker)? Uma coisa parece certa: se a Educação Popular se m...

Escritor-poeta potiguar Janduhí Medeiros homenageia Vital Farias

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O mundo artístico brasileiro perdeu um grande nome, o cantor e compositor paraibano Vital Farias. Deixa um significativo legado musical, perfilando ao lado de trovadores como Elomar e Xangai. A sua ‘Saga da Amazônia’ é um hino à floresta-pulmão do mundo. No ensejo de homenagens à memória de Vital, o escritor-poeta potiguar Janduhí Medeiros lançou mão de sua pena e compôs o poema aí abaixo.   Vital Farias  NOSSA SAGA Por Janduhí Medeiros Vital, trovador de vozes silenciadas, cantou o sertão, a vida embrenhada, mas a Amazônia foi sua epopeia, onde a floresta, nativa, incendeia.   A voz ecoou pelos rios sem voz, desvendando histórias que vivem em nós, das árvores velhas, dos povos ancestrais, dos versos que clamam por dias de paz.   Saga de verde, de lutas latentes, onde os índios choram em vales dormentes. Vital cantou o clamor da terra ferida, por justiça, por vida, por causa esquecida.   Na toada firme, um apelo ficou: pro...