A arte da mais longa duração da juventude: literatura, consciência social e mudança em debate
Promovida pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação, Sociedade e Culturas (GEPEDUSC) e pelo Setor de Estudos e Assessoria a Movimentos Populares (SEAMPO) da UFPB, será realizada no próximo dia 14/10/2020, a partir das 19h00, a live ‘A Mais Longa Duração Juventude: Sobre Arte e Consciência Social’, tendo como convidado o jornalista e escritor recifense Urariano Mota. Terá lugar pelo Google Meet (https://meet.google.com/mge-gfsm-cht).
Autor
de romances como ‘Soledad no Recife’, ‘O Filho Renegado de Deus’ e ‘A Mais
Longa Duração da Juventude’, Urariano é um autor de destaque no meio literário
brasileiro, tendo criado um estilo cuja marca é uma “ficção tão impressionante
que parece de verdade”, conforme as palavras do especialista em literatura
Flávio Aguiar, na apresentação de ‘Soledad no Recife’, livro que trata, de modo
ficcional, da história da combatente latino-americana Soledad Barret,
assassinada grávida pela ditadura civil-militar brasileira em Pernambuco, como
consequência de ter sido delatada por seu companheiro que se apresentava como
Daniel, mas que vinha a ser o dito Cabo Anselmo. Com o livro ‘O Filho Renegado de Deus’,
Urariano foi galardoado com o Prêmio
Guavira Romance 2014. A obra de
Urariano insere-se, assim, na tradição histórico-cultural do Recife que tem como marca a
produção de uma arte cosmopolita, reverberada nacionalmente e com consciência
social. Essa é a perspectiva do livro ‘A Mais Longa Duração da Juventude’, que
empresta o seu título à live.
Urariano Mota |
Sobre
essa ‘mais longa duração’, de determinado modo, Urariano nos faz lembrar de Hans
Magnus Enzensberger, quando ele fala da busca pelos “fios de sentido com que se
poderá tecer a única salvação possível”, embora esta, ao fim e ao cabo, seja incerta. O recifense, contudo, prefere trazer Goethe à cena, para então encadear o
seu percurso insubmisso:
“Há um pensamento de Goethe, registrado por Eckermann, que fala da puberdade repetida. É um conceito luminoso, sem dúvida. Mas essa juventude ampliada ainda não seria uma ambição desmedida, pois mais adiante, ainda segundo Eckermann, o poeta de gênio insaciável expressou uma crença na imortalidade com estas palavras: ‘A crença em nossa imortalidade vem do conceito de atividade, pois se eu me conservo ativo ininterruptamente até a morte, a natureza vê-se obrigada a conceder-me uma nova forma de existência logo que o meu espírito não possa suportar mais a minha atual forma corpórea’. Narro com os olhos que não se negam a ver. Atravessamos o tempo como uma flecha cujo alvo é o que canto e conto.”
“Há uma raiz que brota e não a cultivamos. Ela é maior que as nossas forças para soterrá-la, vem, cresce e rebenta. É a nossa cara de infância. É a nossa cara de juventude. Nós não somos esses senhores que andam por aí sérios, graves, portadores de condecorações e votos de louvor. Não. Nós somos os anteriores.”
Assim
escreveu Manuel Bandeira ao evocar a casa do avô na Rua da União, que fica na
esquina. Mas isto não é o poema de Bandeira. Isto é uma narração de revolta,
que exige o retorno do que fomos.”
Ao dizer
assim, talvez Urariano nos leve a indagações, como, por exemplo: O que representa a literatura em nossas vidas? Em que
consistirá mesmo a juventude? Que significado pode ter a sua longa duração? A
arte literária tem potencialidades para ecoar gritos insubmissos em busca de
fios de sentido?... A ver a discussão na
live, no próximo dia 14/10/2020.