À Memória de John Molyneux

 

John Molyneux (1948-2022) 

Por Ivonaldo Leite

 

Faleceu John Molyneux, nosso Coordenador da Rede  Global Ecossocialista (Global Ecosocialist Network).  John foi uma figura notável, e continuará entre nós, eternizado, através da sua obra. Como diz Hegel, “a vida do espírito não é a vida que se ausenta diante da morte e se mantém pura de desolação, mas é a vida que sabe afrontar a morte e manter-se vida”. Pelo grau da universalidade biográfica e da obra produzida. Assim,  quem partiu, continuará vivendo.

John nos deixa muitas lições. Britânico e afiliado a um legado arejado do trotskysmo, na Universidade de Portsmouth/Inglaterra, pugnou incansavelmente  pela (re)atualização do pensamento de Marx. Como Historiador da Arte, produziu uma obra de  rara originalidade, sob a inspiração dos aportes marxianos: A Dialética da Arte. Não menos importantes e originais são trabalhos seus como ‘O Que é a Real Tradição Marxista?’;  ‘A Teoria da Revolução de Leon Trotsky’; ‘Anarquismo: um Marxismo Crítico’; ‘Lenin para hoje’; ‘Por que nós somos contra o stalinismo?’; ‘Marxistas são internacionalistas, não nacionalistas’’; ‘O que é Ecossocialismo?’.  É uma pena que, apesar de tão valiosa, a sua obra não esteja traduzida em português.

Nos últimos tempos, tendo em atenção a dimensão dos desafios e dos impasses da conjuntura no centro, na semiperiferia e na periferia do sistema mundial, fez uma deriva pondo a (re)qualificação do trabalho teórico em primeiro plano e tornou-se uma voz global da articulação do  ecossocialismo. Talvez a corrente ecossocialista não tivesse alcançado o patamar que já alcançou sem o empenho de John, buscando convergências, combatendo o sectarismo, articulando, organizando, etc. Assim nasceu a nossa Rede Global Ecossocialista.

Da minha interação com John, no âmbito da Global Ecosocialist Netwok, alguns elementos me chamavam a atenção, tais como: o seu compromisso rigoroso e sistemático com os estudos; o espírito aberto para considerar perspectivas divergentes e respeitar quem pensa diferente, ademais de nunca se apegar apenas a única fonte; o rechaço a discursos vazios, superficiais, e repetidos sem coerência; a defesa do internacionalismo na relação entre os povos...  De resto, foi um educador permanente, procurando transmitir em linguagem didática, em espaços escolares e não escolares, conhecimentos que se apresentam inacessíveis aos segmentos excluídos da sociedade.  

Valeu, John Molyneux! Continuaremos por ti, para que outros/as nos continuem. Reproduzo a seguir a nota do Secretariado da Rede Global Ecossocialista à tua memória.

 

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We are still in shock and sadness at John Molyneux’s sudden passing. John was the driving force in establishing the Global Ecosocialist Network, and he succeeded in bringing together ecosocialists from around the world in a spirit of genuine collaboration to share experiences and ideas.

John was also a gifted Marxist art historian. His collection of essays The Dialectics of Art (Chicago, Haymarket books,  2020) is an outstanding contribution to the understanding of the works by Michelangelo,  Rembrandt,  Jackson Pollock and many others. 

His openness and respect among many leftists was based on deep commitment to non – sectarianism born from the recognition that we always start based on where we can find common ground. He managed to combine a humility based on a clear sense of the balance of forces without losing the sense to be audacious at those moments where clear socialist ideas had the opportunity to punch through, the success of People Before Profits in Ireland illustrated this creativity.

John succeeded, where others may have failed, in drawing activists together from different political tendencies and backgrounds within the left and ecological movement, to strengthen the eco-socialist pole. John’s most recent contribution to this was in proposing an expansion of the GEN Steering Committee to include more participation from eco-socialists in the Asia-Pacific, US and other countries outside Britain and northern Europe.

We are committed to seeing this through and continuing John’s work.

Our deepest condolences go out to John’s partner, Mary Smith and to his family, and to all who knew and loved him as a comrade and friend.

 

Michael Löwy, Sabrina Fernandes, Michelle Robidoux, Ian Angus, Susan Price, Trevor Ngwane, Mani Tanoh, Tafadzwa A Choto, Rehad Desai, Jess Spear, Memet Uludag

 

 

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