Equívocos sobre a ideia de "racismo estrutural"
Folha de São Paulo, 18 de março de 2023
(Maurício
Meireles – Repórter especial)
Em novo livro, sociólogo Muniz Sodré (UFRJ) diz que falta base científica ao conceito [de racismo estrutural] e propõe nova radiografia da discriminação racial
[RESUMO] Em novo livro, Muniz Sodré contesta o conceito de racismo estrutural, que a seu ver carece de base científica. Embora não se oponha ao uso da expressão, o sociólogo e colunista da Folha afirma que a discriminação racial no Brasil é difícil de combater por ser institucional e intersubjetiva, tendo como marca a negação do preconceito, e que teria se reconfigurado depois da Abolição com as ideias fascistas europeias. Sodré defende ainda que o pensamento da aproximação, manifestado em algumas situações brasileiras, traz oportunidade de combater o racismo.
Muniz Sodré é um intelectual de luta.
Faixa-preta de caratê, continua a praticar o esporte aos 81 anos. A idade só o
obrigou a deixar para trás a capoeira, que ele treinou com mestre Bimba, um dos
grandes capoeiristas do Brasil.
Professor emérito da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e colunista da Folha, ele é um dos mais influentes pesquisadores da comunicação no Brasil. Também é um dos obás de Xangô, espécie de ministros do Ilê Axé Opô Afonjá, um dos mais antigos terreiros de candomblé de Salvador.
Além de livros publicados sobre a mídia, Sodré também publicou obras acerca
da cultura brasileira, em especial a cultura negra. Em seu novo lançamento,
"O Fascismo da Cor" (Vozes), ele traça uma radiografia da
discriminação racial no Brasil, construindo o argumento de que, passadas
a Abolição e a Proclamação da República,
uma outra forma de racismo se estabeleceu no país.
Para o pesquisador, essa nova configuração tem laços com as ideias
fascistas surgidas na Europa e com o eugenismo associado a elas. Um dos
divulgadores desse discurso no país, lembra, era o escritor Monteiro Lobato.
Além desse diagnóstico, Sodré dedica parte significativa do livro a
contestar o conceito de racismo estrutural, tal como desenvolvido por Silvio Almeida, agora ministro dos Direitos
Humanos e da Cidadania. "Se fosse estrutural, já teria sido derrotado. O
movimento negro é o movimento mais antigo da sociedade brasileira", diz o
autor, que propõe no lugar o conceito de "forma social escravista".
Em entrevista à Folha, Sodré analisa o perfil do racismo à brasileira e explica os motivos pelos quais discorda de Silvio Almeida. Ele também defende que as rodas de capoeira e os candomblés podem oferecer uma chave de saída para a discriminação racial.
Na primeira metade do seu livro, o sr. contesta o conceito de racismo
estrutural, hoje muito popular. Por que considera essa
definição insuficiente para explicar o racismo no Brasil? O conceito de estrutura é um conceito complexo. Primeiro, tenho que
advertir que não tenho nada contra falar em racismo estrutural, porque acho
que, do ponto de vista político, é bom, é fácil. Dá um ancoramento para a ideia
de racismo aqui no Brasil.
Mas eu digo que ele não é estrutural. Parto de coisas simples, como a frase
do ministro Luís Roberto Barroso,
do STF, quando ele disse que, no Brasil, as estruturas são feitas para não
funcionar. Ele está falando da estrutura jurídica, da estrutura econômica, e é
verdade. As estruturas aqui são feitas para não funcionar. Por que a única a
funcionar seria o racismo?
Acho que o racismo funciona exatamente porque ele não é estrutural. Minha
visão é que o racismo que existia no Brasil estava consolidado e ligado à
escravatura. Portanto, a estrutura escravista existia. Há um livro do
historiador Jacob Gorender em que ele
mostra a estrutura existente na escravidão. Outros ensaístas, como Alberto Torres, mostram
que era uma estrutura que funcionava.
O Brasil se sustentou na escravidão, foi ela que
fez a acumulação primitiva [de capital] aqui e foi a coisa mais bem-organizada
neste país. Mas isso acabou com a Lei Áurea. Ao
contrário do que acham alguns amigos meus escritores negros, a Abolição não foi
uma farsa. Ela efetivamente acabou com a sociedade escravista e, portanto,
acabou com a estrutura escravista, mas não acabou com o racismo. São duas
coisas diferentes.
Antes da Abolição, não era necessário um racismo atuante. Quatro quintos da
população que trabalhavam como escravos eram torturados no Império de dom Pedro 2º.
Mesmo assim, houve naquele momento uma classe média negra, uma intelectualidade
negra que emergiu. Grandes figuras da literatura e das artes eram negras.
O primeiro embaixador plenipotenciário do Brasil na Inglaterra, Francisco
Jê Acaiaba Montezuma, era um negão baiano muito brilhante. Os artistas negros
de Pernambuco formavam uma classe média com quase 2.000 pessoas. Só ouvimos
falar deles hoje depois de livros focados nisso porque, como dizia Mário de
Andrade, foi uma aurora que não deu dia. Quando veio a Abolição, se esqueceu de
tudo isso. A cultura negra passou a ser a cultura popular, reconhecida muito
tempo depois.
Se o racismo brasileiro não é estrutural, qual seria a característica dele? Ele é institucional. Defino no livro o que é estrutura. É um termo
muito preciso na sociologia e na filosofia. O conceito pressupõe uma totalidade
fechada de elementos interdependentes. Você pode falar, por exemplo, da
estrutura jurídica: a doutrina do direito se reflete nos tribunais, no processo
penal, nas leis. Isso é estrutural.
Se dissermos que o racismo é uma estrutura, temos que mostrar qual é a
interdependência dos elementos. Aí você diria que, quando se vai selecionar
alguém para um emprego, só brancos são selecionados. Mas a estrutura é formal,
tem uma forma escrita ou uma forma de costumes que é reconhecida por todos. A
discriminação racial no Brasil não é reconhecida por ninguém. Nenhum Estado ou
governante se diz racista. Às vezes, os racistas mais atrozes diziam que não
eram racistas.
A grande dificuldade do combate ao racismo no Brasil é que, aqui, a negação
funciona. O grande mecanismo do racismo é a negação.
Li o livro do Silvio Almeida ("Racismo Estrutural"), e ele não
diz o que é uma estrutura. O racismo foi estrutural nos Estados Unidos, na
África do Sul...
Então, o sr. defende que, para ser estrutural, o racismo precisa estar
explicitamente amparado pela burocracia do Estado. Exatamente. Para mim, o racismo é institucional e
intersubjetivo. Por isso ele é muito difícil de combater. Você não o
pega. Se o racismo brasileiro fosse estrutural, já teríamos acabado com
ele. O movimento negro é o movimento
mais antigo da sociedade brasileira, ele vem desde a Abolição.
Silvio Almeida fala de instituições que funcionam como uma correia de
transmissão do racismo. Sou obrigado a me
perguntar: correia de transmissão a partir de onde? Quando Lênin diz que os
jornais deveriam ser a correia de transmissão do partido para as massas
trabalhadoras, você tem de um lado o partido, de outro, as massas, e no meio, o
jornalismo.
Sem dúvida, as instituições são uma correia de transmissão, mas não de uma
estrutura. Onde é que está essa estrutura? No Estado? Mas o Estado não tem leis
racistas, elas acabaram com a Abolição. Estão na economia? Não conheço leis
econômicas racistas, conheço discriminações econômicas, mas não leis.
O sistema tributário brasileiro, que
pesa mais sobre os pobres, em sua maioria pretos e pardos, não tem
um componente racial implícito? Não tem uma
implicação estritamente racial, são os pobres que pagam mais impostos. Entre
eles, você tem claros e escuros —ainda que, sem dúvida, os salários mais baixos
sejam dos negros. Acho importante que se estudem esses aspectos embutidos na
economia, nas instituições, na remuneração da força de trabalho. Com esses
dados, é possível intervir no debate público, tomar um partido antirracista.
Não sou contra a expressão racismo estrutural, sou
contra a cientificidade dela.
O sr. disse que, depois da Abolição e da Proclamação da República, surgiu
uma nova forma de racismo. Qual é o seu perfil? O segundo ponto do livro é mostrar a diferença entre sociedade e
forma social. Você não vai encontrar na literatura sociológica brasileira essa
distinção, mas ela é feita por mim. A sociedade implica uma estrutura: ela tem
uma interconexão de seus elementos, ou seja, o modo de produção está articulado
com o sistema jurídico, com a política... Toda a visão marxista sobre a
sociedade, para mim, é coerente. Nesse ponto, sou bem marxista.
Mas a forma social é outra coisa. Ela é uma imagem que a sociedade projeta
de si mesma, que ela tem ou quer ter de si. Isso nós temos individualmente:
você tem uma imagem de si mesmo e quer que os outros reconheçam você como uma
imagem válida.
Isso também existe em termos coletivos. A imagem que a sociedade tem de si
é gerida pelo Estado e pelas classes dirigentes. Ela pode ser oficial, mas
também subterrânea, uma imagem oculta que existe e lhe determina. Isso eu
chamei de forma social escravista.
1. 2.O que seria essa forma social escravista? Ela é aparência, mas isso não quer dizer que seja uma ilusão. As aparências existem e continuam a existir por ter força, e é um erro querer lidar só com o que é material, concreto. Na forma social, falo de uma aparência que a sociedade quer ter sobre si mesma: as classes dirigentes querem se ver como brancas, europeias e cristãs, sem ter nada a ver com negros.
Esse querer ver-se é a forma social. Dentro dessa imagem, se desenvolvem os
mecanismos linguísticos, psicossociais, de subjetividade e de comunicação.
Portanto, a aparência cria formas.
Ou seja, acabou a escravidão, mas nasceu a forma social escravista. Ela mantém
a escravidão como ideia e como discriminação institucional. Essa forma não é
captada apenas objetivamente, não está em números. Portanto, não é pega pela
sociologia quantitativa. São também as percepções, os afetos. A forma social é
um conceito que vem da sociologia alemã e está na sociologia francesa
contemporânea.
O sr. dá um papel de destaque ao patrimonialismo nisso que chama de forma
social. A forma escravista está ancorada nesse modo de controle social que é o
patrimonialismo, ou seja, no poder exercido por grandes famílias,
pelo compadrio, pelo afilhadismo. Esse parentesco dominante no Brasil é branco
e reproduz a forma social racista. Quis mostrar como essa forma é tão ampla,
tão invasiva, tão maior que a estrutura que ela pode atingir o próprio preto. O
preto pode se adequar a ela e ser racista contra pretos também.
Vivemos essa forma no cotidiano. Podemos vê-la em explosões súbitas de
fúria e agressões. No Maranhão, o cara estava passando com a mulher, veem um
homem tentando abrir o próprio carro e acham que ele está tentando roubar o
veículo. Aí os dois descem a porrada no
homem. Quando foi jogado no chão, a mulher grita para o marido
chutar a cabeça da vítima. O carro era dele. Isso é diário no Brasil.
1O sr. diz que essa nova manifestação do racismo está ligada ao fascismo europeu. Qual é a relação entre os dois fenômenos? Diferentemente do período da escravidão, o racismo pós-abolicionista é plenamente doutrinário, ou seja, ele incorpora ideias europeias sobre o racismo. Essas ideias vêm principalmente da doutrina do eugenismo.
Isso não coincide, em termos de data, só com o período pós-Abolição, mas,
nesse momento no mundo, o eugenismo faz parte de uma atmosfera fascista. O que
faz com que o fascismo se expanda para Portugal, Espanha e outros países é a
questão da preservação do cristianismo e da pureza do homem europeu. É o
nacionalismo extremado do homem branco.
O racismo ocidental vem da Igreja Católica e é primeiro antissemita. O
modelo do racismo [contra os negros] é o antissemitismo: as primeiras vítimas
são os judeus, e os primeiros carrascos são os padres. Depois, isso se
transfere para o negro. Os escritos do fascismo incorporam a ideia de eugenia e
isso chega aqui muito tempo depois da Abolição, através de igrejas, mas
principalmente por meio de intelectuais —Monteiro Lobato é o grande modelo.
O fascismo é o espírito da época do racismo brasileiro. É dele que conflui,
para as classes dirigentes brasileiras, a discriminação do negro, que já não
era mais jurídica nem política.
No livro, o sr. aponta Nilo Peçanha, que virou presidente em 1909 e era
negro, como um caso a ser estudado. O que a história dele diz sobre o racismo à
brasileira? Examinaram pouco essa história. Nilo Peçanha veio
de uma família pobre em Campos dos Goytacazes (RJ), a mãe era meio clarinha e o
pai era preto, eram agricultores. Ele se tornou um político brilhante e
abolicionista, mas não queria ser reconhecido como negro. Ele se maquiava para
clarear a pele antes de ser fotografado, e as fotos eram retocadas.
É o primeiro e único presidente negro do Brasil. É uma figura importante
por mostrar esse mascaramento, ou seja, a tentativa de não parecer negro, que
foi típico do mulato aqui no Brasil. A imprensa o ridicularizava. Faço uma
análise linguístico-filosófica do discurso racial, mostrando como ele é
atravessado pela ambiguidade. Quis mostrar como há jogos de linguagem no
discurso racista, para mostrar como a forma social escravista opera.
Há algumas semanas, participantes do Big Brother Brasil
expressaram medo de um colega por ele seguir uma religião
afro-brasileira. Qual o papel do medo na consolidação do racismo no país? O medo é um elemento importante nas relações hierárquicas.
Torturavam-se escravos para infligir medo. Uma tortura podia começar
porque a sinhá achava que o negro olhou atravessado para ela.
Mas o medo é uma faca de dois fios. O torturador tem medo também. Temer os
negros foi algo que se intensificou com a Revolta dos Malês, em 1835, mas já
vinha do Haiti e de Cuba e se disseminou entre as classes brasileiras.
Mas como esse medo de revoltas negras nas Américas se transforma no medo de
manifestações culturais? O racismo cultural é o
racismo do sentido que o outro produz. Junto com ter medo físico do negro vem,
principalmente depois da Abolição, ter medo da cultura afro, do feitiço, que
era um ponto de repulsa e atração, porque a classe média branca sempre se
consultou nos cultos afros.
Como você sabe, eu sou de candomblé, da hierarquia do Ilê Axé Opô Afonjá.
Conheci ao longo da vida professores razoáveis, ateus, que têm medo do
pertencimento ao candomblé. A pessoa não acredita em nada, mas tem medo. Isso é o
preconceito.
Ao mesmo tempo que há esse preconceito, as artes brasileiras promoveram uma
celebração da cultura afro-brasileira, como na obra de tropicalistas ou de
Jorge Amado. Como o racismo brasileiro comporta essa contradição? Porque ele não é estrutural [risos] e essa celebração não foi
insurrecional.
Conheci bem o Jorge Amado. Ele dizia que não acreditava em nada, mas era do
Axé Opô Afonjá como eu. Não viajava de avião sem que uma mãe de santo fizesse
um jogo para ele, porque morria de medo. Quando me confirmei como obá de Xangô,
Caymmi entrou comigo. Quando eu estava na Bahia, Caetano Veloso, Gilberto Gil,
esse pessoal não era de candomblé. Hoje, Gil também é obá de Xangô.
Quando digo que essas celebrações na cultura brasileira não representam uma
insurreição, quero dizer que não são algo contra o Estado, é mais uma posição
existencial. Mas celebrar o candomblé é celebrar aquilo que a cultura afro traz
de mais precioso, o apego à vida.
Se o catolicismo é a religião do amor universal irradiado de Cristo, o
candomblé é a alegria, uma alegria litúrgica. Quem é baiano é atravessado por
essa liturgia. Jorge Amado foi o grande romancista disso. Ele inventa uma
Bahia, a língua da Bahia para fora é
o jorge-amadês. Todas
aquelas histórias são e não são inventadas.
Abdias do Nascimento via
um racismo implícito na obra de Jorge Amado. Jorge
Amado é o ideólogo do povo nacional, e esse povo nacional era um povo mestiço,
os baianos. Ele vai encontrar o modelo dessa mestiçagem no candomblé, em que
essa mestiçagem não é só ideológica, é cultural também.
No Axé Opô Afonjá, eu já vi padre bater cabeça, já vi judeu bater cabeça. É
isso que sempre atraiu Jorge Amado. Quando Jean-Paul Sartre esteve na Bahia,
passou o dia inteiro no Axé Opô Afonjá, sentado com mãe Senhora.
No livro, o sr. tenta destacar as particularidades do racismo no
Brasil, traçando a diferença em relação aos Estados Unidos. Nos
últimos anos, alguns intelectuais têm criticado o que veem como uma influência
excessiva do pensamento racial americano no debate público brasileiro. Como
avalia essa questão? Os negros americanos são diferentes. Acho que
nossas condições de luta e opressão são bastante diferentes e o que é igual é a
cultura negra. O samba nasceu na Praça 11 nas mesmas circunstâncias que o jazz
nasceu na praça Congo, em Nova Orleans. Nasceu do candomblé, com os baianos
que civilizaram o Rio de Janeiro.
Falo da cultura como a vitalidade do povo. O que é forte nos Estados Unidos
vem dos negros, nada é mais forte que a música, que o jazz. Isso cria uma
ponte, é como se o ritmo viajasse pelos Estados Unidos, pelo Caribe, por Cuba,
e essa ponte não está sob a égide do Estado, é também uma forma social.
Em um mundo com trocas possibilitadas pelas tecnologias da informação,
seria necessário pensar o racismo com um recorte global em vez de apenas
nacional? O pensamento nacional, se for forte, vai ser
global. O pensamento global não atinge o núcleo do racismo, que está em
conformações nacionais. O combate aqui no país tem que ser pensado em termos
brasileiros para ser suficientemente forte e se irradiar transnacionalmente. É
algo que o Brasil pode oferecer ao mundo, uma chave de saída do racismo.
Como? O principal modo de combater o racismo não é
pensar intelectualmente a diferença. Não dou muita atenção a toda essa coisa de
proteger linguisticamente a diferença, por exemplo. A filosofia da diferença é
a grande filosofia moderna, que fala da necessidade de aceitar o diferente. É
um pensamento avançado e global.
Mas, para mim, o principal modo de combater o racismo é o pensamento da
aproximação, que é mais completo. É o morar junto, a vizinhança na escola, no
trabalho, nas relações amorosas. A aproximação está em qualquer unidade que se
possa construir, e o racismo se exacerba quando os diferentes estão próximos.
O Brasil já é um país que tem as oportunidades de aproximação pela própria
heterogeneidade da população. Temos que pensar as diferentes formas de existir
no Brasil e aprender com elas. Onde você não encontra racismo aqui? No Axé Opô
Afonjá, no candomblé de Menininha do Gantois, no terreiro da Casa Branca, nas
rodas de capoeira. Será que não pode vir daí uma lição?
Não é que as pessoas sejam perfeitas, mas há modos de vida ali que são
antirracistas. São casos pequenos, mas é do pequeno que você começa a pensar o
grande. Foi assim que Davi matou Golias.