Encenações do dia a dia: a representação do eu na vida cotidiana e a produção de impressões pessoais
Sociologia do ‘teatro
social’ e da ação humana diária: Resumo do livro A representação do eu na vida cotidiana, de
Erving Goffman (Rio de Janeiro: Vozes, 1985)
Por Janos Brito
Goffman recorre à perspectiva das representações teatrais para descrever as relações sociais que ocorrem num espaço circunscrito, tal como um prédio, uma fábrica, uma empresa [ou uma universidade]. Ele parte de princípios dramatúrgicos para examinar como um determinado indivíduo representa seu papel de modo a regular as impressões que os outros têm dele. Na vida real, o papel social não é representado diante de uma plateia que está separada dos atores, mas é “talhado de acordo com os papéis desempenhados pelos outros presentes”. A vida social é constituída de atores-espectadores, sendo uma fusão de plateia e palco.
A impressão que se tem de um
indivíduo é dada pela expressão que ele realiza de si mesmo, com auxílio de
outros. A expressão pode ser transmitida ou emitida. A transmissão de
informações é uma atividade intencional de comunicação que utiliza os símbolos
verbais conhecidos pelo transmissor e pelo receptor. A emissão considera as
ações não verbais e supostamente não intencionais do ator. O trabalho de
Goffman se detém principalmente nas informações emitidas, compreendo que elas
podem fazer parte de uma comunicação arquitetada propositalmente. A emissão
geralmente se associa à transmissão.
Na medida em que os outros
agem como se o indivíduo tivesse passado uma determinada impressão, podemos
dizer que esta comunicação foi efetiva, a partir de uma perspectiva funcional
ou pragmática. É inevitável agir com base em inferências. Em geral, os
observadores utilizam aspectos do comportamento considerados fora do controle
do ator como evidência de que o que foi comunicado é verdadeiro. Mas como o
ator sabe disso, forma-se um jogo de informações, “um ciclo potencialmente
infinito de encobrimento, descobrimento, revelações falsas e redescobertas”.
Neste jogo se mantém uma assimetria entre ator e observador, na qual o
observador sempre estará na vantagem, já que a capacidade de perceber a
manipulação do comportamento é sempre maior que a capacidade de manipular.
Uma vez escolhida uma linha de
tratamento exigida dos outros, esta dificilmente pode ser alterada depois do
início da interação. Por isso é mais efetivo projetar, desde o começo da
interação, a impressão que será considerada válida após o término da interação.
As estratégias que um indivíduo utiliza para defender suas próprias projeções
são chamadas de práticas defensivas. As estratégias usadas para manter a
definição de uma situação projetada por outros são chamadas de práticas
protetoras ou diplomacia. Goffman não se ocupa do conteúdo específico das
atividades, mas dos problemas do participante que as representa diante de
outros.
A interação é definida como “a
influência recíproca dos indivíduos sobre as ações uns dos outros, quando em
presença física imediata”. Um desempenho é a atividade de um participante de
uma interação que sirva para influenciar outro participante. Um movimento ou
prática é formado a partir de um padrão de ações que se desenvolvem durante a
representação, e que pode se repetir outras vezes. Um indivíduo que representa
o mesmo movimento para o mesmo público diversas vezes estabelece um
relacionamento social. Um papel social envolve um ou mais movimentos.
Representações
Goffman inicia o estudo das
representações perguntando não sobre a crença dos indivíduos nos papéis
representados por outros, mas a crença do indivíduo no papel que ele mesmo
representa, ou na impressão que ele pretende passar aos outros. Um ator
compenetrado no próprio número pode estar sinceramente convencido de que passa
uma impressão que corresponde à realidade. Num outro extremo, um ator pode não
crer na sua própria atuação e não se importar em convencer seu público. Ainda
que costumemos a chamar o primeiro de sincero e o segundo de cínico, o sincero
não está necessariamente em contato com a realidade. Um cínico pode passar a
acreditar na sua própria encenação, e o caminho inverso também pode ser
seguido.
Goffman chama de fachada a
parte padronizada, intencionalmente ou não, do desempenho. A fachada é composta
do cenário e da fachada pessoal. O cenário é
aquilo que tende a ser fixo na representação: os objetos e elementos de pano de
fundo que estão presentes no palco. A fachada pessoal se refere aos demais
itens do equipamento expressivo, que são identificados como sendo próprios do
ator. Os estímulos que formam a fachada pessoal são divididos em aparência e maneira.
Fazem parte da aparência os estímulos que indicam o status social do ator, como
a roupa que ele veste. Fazem parte da maneira aqueles que indicam o papel de
interação que o ator pretende desempenhar numa situação, como suas ferramentas
de trabalho. A coerência entre as partes da fachada nem sempre ocorre, embora
seja esperada. Diferentes práticas podem empregar a mesma fachada. Uma fachada
tende a se tornar uma representação coletiva, sendo tomada enquanto fato.
Numa interação é comum que um
indivíduo sinta a necessidade de expressar algo que comprove aos outros a
validade da sua própria ação. Para isso, o indivíduo costuma a incluir na sua
prática atividades não relacionadas com o sucesso do que está sendo realizado,
mas que dão aos outros a impressão apropriada. Isto às vezes leva a um dilema
entre expressão e ação: “Aqueles que têm tempo e talento para desempenhar bem
uma tarefa não podem, por este motivo, ter tempo para mostrar que estão
representando bem”. Algumas vezes, para comunicar confiabilidade, um ator
precisa dificultar o desempenho da sua tarefa com a inclusão de uma realização
dramática. Como sorrir para o cliente mesmo que isso o distraia da atividade
que ele precisa realizar no caixa, como fazer uma conta mais difícil, por
exemplo.
Uma representação efetiva
geralmente recorre a uma idealização. O desempenho de um indivíduo tende a
incorporar valores oficialmente reconhecidos pela sociedade. O exemplo mais
concreto são os símbolos de status social. Para representar efetivamente uma
determinada classe social, o ator precisa causar impressões que combinem com os
estereótipos dos observadores. Diretores de empresa, por exemplo, podem conservar
seus empregos por parecerem diretores, mais do que por terem a capacidade de
agir efetivamente como diretores. Além disso, empresas podem contratar alguns
indivíduos que fogem dessa regra para manter a impressão de legitimidade.
Para entender como é feita a
manutenção do controle expressivo, Goffman sugere analisar as representações de
acordo com uma analogia artística, e não com sistemas mecânicos, nos quais um
grande ganho pode compensar uma pequena perda. Na arte, uma pequena perda pode
quebrar toda a harmonia da representação. O ator-jogador precisa observar a sua
conduta nos mínimos detalhes, para não deixar aparecer um ponto fraco que possa
ser explorado pelo seu oponente. “Espera-se que haja uma certa burocratização
do espírito, a fim de que possamos inspirar a confiança de executar uma
representação”. Uma representação competente feita por um impostor enfraquece
nossa tendência de relacionar moralmente a autorização para desempenhar um
papel com a capacidade de representá-lo. Um homem que se passa por médico para
abusar de pessoas, por exemplo, reduz nossa confiança em todos os que se
apresentam como médicos.
A mentira descarada é aquela
em que é possível encontrar uma prova irrefutável de que a pessoa está
consciente da mentira. Porém, técnicas de dissimulação, insinuação, ambiguidade
e omissões permitem que um ator engane sem dizer nenhuma mentira. Estas
estratégias são bastante usadas por meios de comunicação em massa. Todas essas
características das representações podem ser consideradas como coações da
interação. Seja para comunicar a verdade ou a falsidade, o ator precisa tomar
cuidado para que seu desempenho combine com a expressão apropriada, evitando
que a plateia atribua significados não desejados. Outro aspecto da manutenção
do controle expressivo é a mistificação em relação ao ator, que produz um
afastamento em relação à plateia e gera um temor respeitoso. O mistério em
torno do ator quase sempre tem a função de facilitar a atuação.
Nós tendemos a pensar que
representações são mais verdadeiras na medida em que não são planejadas, mas
sim produtos de respostas inconscientes aos fatos. E tendemos a julgar que
representações bem arquitetadas e organizadas são mais falsas, pois não há uma
realidade para a qual os comportamentos são respostas diretas. Essa dicotomia é
parte da ideologia dos atores honestos, fortalecendo a veracidade do espetáculo
deles, mas não fornece um bom instrumento de análise. Nossa capacidade de
representação ultrapassa nossa capacidade de explicar a representação. Por fim,
Goffman afirma que “uma condição, uma posição ou um lugar social não são coisas
materiais que são possuídas e, em seguida, exibidas; são um modelo de conduta
apropriada, coerente, adequada e bem articulada”.
Equipes
O conceito de equipe é
introduzido por Goffman para esclarecer que uma encenação quase nunca é
realizada pela expressão de um único ator. Cada ator conta com auxiliares e
diretores para a representação. Mesmo a interação entre duas pessoas pode ser
considerada como a interação entre duas equipes de um membro só. Uma plateia
impressionada somente por um cenário, na ausência de qualquer ator, estaria
sendo impressionada por uma equipe sem membros. O ator que acredita em seu
próprio papel torna-se sua própria plateia e seu próprio assistente.
Para que a representação de
uma equipe tenha efetividade, é preciso manter a concordância unânime sobre a
linha de ação. Para isso, é preciso confiar que o outro representará
corretamente. Os membros da equipe se diferem pelo grau de permissão que cada
um tem para dirigir a representação. A representação em equipe geralmente conta
com um diretor. O diretor tem a função de trazer de volta à linha de ação um
membro cuja interpretação se torna inconveniente e estimular uma demonstração
de envolvimento afetivo adequado. O diretor também pode ser responsável por
distribuir os papéis e as fachadas de cada papel. O diretor nem sempre é uma
figura de autoridade reconhecida.
Aplicando o conceito de
dominância dramática e diretiva, podemos falar de diferenças de poder numa
representação ou numa interação. Os membros de uma equipe também podem se
diferenciar pelo grau com que aparecem diante da plateia. Enfim, uma equipe é
definida como o conjunto de indivíduos que cooperam para manter uma definição
projetada da situação. Para uma representação ser eficaz, quase sempre é
preciso manter oculto o caráter dessa cooperação.
Regiões e comportamento regional
Região é um termo usado por
Goffman para definir o lugar físico onde ocorrem as representações.
Representações geralmente ocorrem em regiões mais limitadas, com barreiras
perceptíveis. Em relação a uma representação particular, temos a região de
fachada e a região de fundo. A representação de um indivíduo numa região de
fachada pode seguir dois tipos de padrão: O primeiro tipo, a polidez,
diz respeito às ações verbais diretas. O segundo, o decoro, diz
respeito às ações não verbais que são feitas no raio de alcance perceptivo da
plateia, sem que o ator esteja necessariamente conversando com ela. O decoro
não diz respeito exclusivamente a ações do tipo moral, mas também do tipo
instrumental. A polidez está relacionada aos modos ou gestos, e o decoro está
relacionado à aparência. Um exemplo de decoro é a simulação de trabalho ou
seriedade quando o chefe está presente.
Os aspectos de uma atividade
que são expressivamente acentuados aparecem nas regiões de fachada. Os aspectos
que são suprimidos aparecem na região de fundo ou bastidores. O bastidor é o
lugar onde não se espera que o público entre, onde os segredos do espetáculo
são guardados e os atores se livram dos personagens. “Nenhuma instituição
social pode ser estudada sem que surjam problemas relativos ao controle dos
bastidores”. Uma intromissão é controlada fazendo com que os atores mudem
sua caracterização de modo a incorporar o intruso, ou então recebendo o intruso
como se ele fosse muito bem-vindo, tirando a seriedade da representação. O modo
como a faxineira conversa quando está na copa fazendo um lanche, por exemplo, é
diferente do modo como conversa quando está limpando o escritório.
Papéis discrepantes
Um dos problemas das
representações é o controle das informações. Uma equipe precisa garantir que o
público não terá acesso às informações destrutivas, que são as informações
capazes de destruir a definição de situação que está sendo mantida pela
representação. Para isso, é preciso criar estratégias para lidar com papéis
discrepantes, aqueles com acesso privilegiado aos segredos de uma equipe. Os
segredos podem ser estratégicos, íntimos ou livres. Alguns tipos de papéis
discrepantes: o delator, o cúmplice, o olheiro, o mediador e o intermediário.
Para manter o controle das informações, a equipe precisa se certificar que cada
membro tome cuidado com as pessoas que admitirá como colega e confidente. Um
indivíduo pode se tornar um renegado quando, mantendo-se leal ao seu papel,
resolve trair aqueles que o representam falsamente. Um responsável pela limpeza
que aponta uma barata na cozinha do restaurante quando o cliente está olhando,
por exemplo.
As implicações dos grupos de
colegas, que não participam efetivamente da equipe, mas também não se encaixam
na definição anterior de plateia, forçam Goffman a incluir a definição de plateia
inconsistente, “cujos membros não estão em contato face a face uns com os
outros durante a representação, mas que eventualmente reúnem suas respostas à
representação a que assistiram de maneira independente”. As pessoas que passam
em frente à uma loja, por exemplo.
A comunicação imprópria
Às vezes, um ator transmite informações
incompatíveis com a impressão oficialmente mantida durante a interação. Goffman
considera quatro tipos de comunicação imprópria: o tratamento dos ausentes, a
conversa sobre a encenação, a conivência da equipe e as ações de realinhamento.
O tratamento dos ausentes se
refere a um tratamento inapropriado da plateia quando na ausência dela. Este
tratamento inapropriado pode ser de depreciação ou elogio indevido. Dois
exemplos de depreciação da plateia são: o desempenho caricaturado de uma
interação e os termos pejorativos de referência. A depreciação da plateia nos
bastidores tem a função de manter a moral da equipe. Quando atendentes imitam
um cliente que fez uma pergunta boba, por exemplo, caçoando dele.
A conversa sobre a encenação
ou sobre o palco também ocorre entre membros de uma equipe, longe da presença
da plateia. Nesse caso, são geralmente discutidos problemas e detalhes da
encenação que precisam ser esclarecidos. Quando um empregado relata ao outro
como fingiu que não viu o que o outro fez de errado, por exemplo.
O conluio ou conivência da
equipe ocorre quando um membro precisa ajudar o outro a transmitir uma
informação correta durante uma interação, mas não pode fazê-lo visivelmente,
para não estragar a projeção do personagem do companheiro. Para isso, equipes
geralmente criam códigos secretos para se comunicar sem que a plateia tome
consciência. Estes sinais podem ser deixas informais ou conivência
depreciativa. Geralmente as deixas partem do diretor, e cabe somente aos
atores entendê-las corretamente. A conivência depreciativa é uma forma de
depreciar a plateia secretamente ou furtivamente, ainda que diante dela. Quando
uma assistente de caixa de supermercado precisa corrigir sua colega, por
exemplo, ela age por um momento como se o cliente não existisse.
As ações de realinhamento
servem para restabelecer um membro da equipe que esteja se comportando de modo
inapropriado à linha de ação definida pela equipe.
Os quatro tipos de condutas
apontam para algo comum: A representação não é a resposta espontânea para uma
situação. Por mais que o ator acredite no seu papel, ele expressa múltiplas
versões da realidade. São atuações ensaiadas e representadas tendo em mente o
público e a efetividade da comunicação verbal e não-verbal.
A arte de manipular a impressão
Para representar com sucesso
um personagem, o ator precisa, em primeiro lugar, evitar rupturas na
representação. Quando isso acontece de modo não intencional, dizemos que ele
cometeu um faux pas, um passo em falso ou ato falho. Uma caixa que
comenta sobre como o produto que está sendo comprado está mais caro naquele
estabelecimento do que em outros, por exemplo. Quando sua contribuição
intencional destrói a imagem da própria equipe, trata-se de uma gafe.
Quando o ator inadvertidamente põe em risco a imagem da sua personalidade
projetada pela outra equipe, chamamos de mancada.
As práticas defensivas da
representação são: 1. A lealdade dramatúrgica com a equipe. 2.
A disciplina dramatúrgica com seu próprio papel. 3. A circunspeção
dramatúrgica, que se refere à preparação antecipada para possíveis
contingências. As práticas protetoras correspondem a práticas defensivas
padronizadas, nas quais se destacam duas: a restrição de acesso às regiões de
fundo e de fachada, e o tato da plateia em relação aos atores. Quando um
empregado é chamado para os bastidores para receber uma reclamação, por
exemplo. Ou quando o cliente sabe que algo deu errado na representação, e
espera até que ela se restabeleça, às vezes até desviando o olhar como
demonstração de cooperação com a montagem da peça.
Conclusão
O trabalho de Goffman
apresenta uma estrutura geral na qual “qualquer estabelecimento social pode ser
proveitosamente estudado do ponto de vista da manipulação da impressão”.
O estabelecimento social é o lugar limitado por barreiras à percepção onde uma
equipe de atores coopera para apresentar à plateia uma definição da situação,
algumas vezes na presença de estranhos, que são o terceiro elemento.
Estabelecimentos sociais
tradicionalmente são analisados de acordo com quatro perspectivas: a técnica, a
política, a estrutural e a cultural. Goffman sugere uma quinta: a dramatúrgica.
Essas perspectivas se entrecruzam de vários modos: A perspectiva técnica se
cruza com a dramatúrgica, por exemplo, em relação às condições de trabalho. A
perspectiva política e a dramatúrgica podem ser analisadas em conjunto quanto à
capacidade de um indivíduo de dirigir outros. A perspectiva estrutural e a
dramatúrgica cruzam-se na análise da distância social. A cultural e a
dramatúrgica, na manutenção de padrões morais.
Esta perspectiva também
oferece um método de análise da interação social e da identidade de um
indivíduo em relação ao seu papel, instituição ou grupo, e “em seu conceito de
si mesmo como alguém que não rompe a interação social ou desaponta as unidades
sociais que dependem dessa interação”.
Finalmente, sobre a
representação do “eu”, cabe notar que o indivíduo é visto sob duas
perspectivas: a do ator e a do personagem. A própria estrutura do “eu”, na
sociedade anglo-americana, depende do modo como representações de nós mesmos
são arranjadas. O “eu” não é produto do indivíduo, mas da encenação que nos
torna capazes de sermos interpretados pelos observadores. Os atributos do ator
são de natureza psicológica, mas parecem surgir da íntima interação com as
contingências da representação no palco.
O autor não está simplesmente
afirmando que o mundo é um palco e que somos todos atores, de modo a colocar em
descrédito o sentido das relações sociais. Não se trata de enumerar os aspectos
teatrais da vida cotidiana, mas de estudar a própria vida cotidiana e a
estrutura dos encontros sociais. A analogia com o teatro é interessante
porque, para uma encenação ser bem sucedida, ela deve aplicar as mesmas
técnicas com as quais as pessoas no cotidiano mantêm a definição de situações
sociais reais, revelando assim uma estrutura que está presente tanto na arte
quanto na vida social.