A cor do tempo quando passa: à memória do Professor Ciro Flamarion Cardoso

 Passada uma década do falecimento do Professor Ciro Flamarion Cardoso, um gigante da historiografia brasileira e latino-americana, autor de uma vasta obra original, e responsável pela formação de numerosos/as pesquisadores/as, relembra-se um memorial a seu respeito. Segue aí abaixo, depoimentos de ex-estudantes seus e uma das suas últimas entrevistas.

Ciro Flamarion Cardoso 
      

Depoimento de Marcos Alvito

Quando comecei a ter aula com o Prof. Ciro, no primeiro semestre de 1984, eu fiquei entusiasmado com a seriedade, a competência e a atenção com que ele nos tratava. Quando eu chegava em sala, no horário correto, já lá estava o Prof. Ciro. Descobri que ele, sempre metódico, saía caminhando do seu apartamento no Ingá exatos 12 minutos antes da aula começar. Como o percurso lhe tomava sete minutos, ele chegava sempre cinco minutos antes. Em uma homenagem silenciosa, eu passei a chegar 10 minutos antes da aula começar e cinco minutos antes dele. Muitos anos depois contei a ele o significado desse meu ritual.

Muitas vezes dizemos, para expressar um elogio, que determinada pessoa mudou a nossa vida. Eu não exagero quando digo que o Prof. Ciro mudou para sempre a minha. Graças ao curso que fiz com ele, eu consegui passar na seleção para professor, onde o ponto sorteado na prova escrita era tão simplesmente um dos temas centrais trabalhados por Ciro no semestre anterior. Muito mais do que isso, quando me tornei professor, com somente 24 anos, sempre procurei me espelhar no profissionalismo que o Prof. Ciro sempre demonstrou. Basta dizer que sempre procurei chegar pontualmente para lecionar.

Enquanto colega de Departamento, fui testemunhas da enorme dedicação por ele dispensada às tarefas mais variadas.  Ciro era sobretudo de uma franqueza emocionante, uma virtude, e talvez, ao mesmo tempo, a forma mais incompreendida da lealdade e que gera insatisfação em colegas professores e alunos.

Ele deixou, para nós e para as futuras gerações, uma obra importante. Acima de tudo, o exemplo daquele que tinha todas as honrarias, todos os títulos, currículo internacional, mas que sempre disse e repetiu que o seu maior orgulho era ser professor.

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Depoimento de Hebe Mattos

O Professor Ciro Cardoso foi um interlocutor central em todo o meu processo de formação como historiadora. Conheci-o primeiro em texto, ainda na graduação. Sua crítica ao conceito de antigo sistema colonial marcaria profundamente minha geração de historiadores, nos fazendo pensar e propor novas questões à história do Brasil. A linha de pesquisa de História Agrária, que viria a ser dirigida por ele e Maria Yedda Linhares na pós-graduação em história da UFF faria história.  Vim conhecê-lo pessoalmente quando ingressei no mestrado, em 1981, como orientanda de Yedda. Ciro era professor de metodologia daqueles anos.  É desse período o modelo de projeto de pesquisa até hoje no site do PPGH-UFF, como orientação aos candidatos ao programa, que eu chamo "flamariônico".  Nesse período, Os Métodos da História, dele com Hector Brignoli, foi para mim quase livro de cabeceira.  Tive o privilégio de contar com a sua presença  tanto na banca de defesa da dissertação de mestrado como na de tese de doutorado.Tenho guardado os pareceres das duas defesas, escritos a mão, com a letra de Ciro, como verdadeiros troféus. Seu olhar generoso e de incentivo para minhas atividades de pesquisa naqueles anos são uma das melhores lembranças que guardo do meu período de formação profissional na pós-graduação em história da UFF. Devo a ele minhas primeiras publicações. Foi dele a indicação para publicação pela Brasiliense da minha dissertação, que resultou no Ao Sul da História, e foi uma grande honra o convite, no ano seguinte, para participar do livro Escravidão e Abolição no Brasil: Novas Perspectivas.  Anos depois, foi novamente a convite de Ciro que participei dos dois volumes da coletânea Domínios da História e em ambos os textos ele foi um interlocutor fundamental.  Por toda a vida ele foi para mim interlocutor e leitor crítico. Ciro era uma referência, uma verdadeira escola, muitas vezes divergíamos, mas ele sempre me ensinava, e me fazia pensar. Ao mestre, com carinho, minha sincera homenagem.

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 Depoimento Marta de Mega Andrade

"O seu trabalho é muito bom, embora essa não seja a história que eu faço". Foi isso que ele disse? Não me lembro mais das palavras exatas que o prof. Ciro utilizou na ocasião da minha defesa de mestrado. Mas o que me marcou muito foi a honestidade: tá, não é o que eu faço, meus parabéns. Não era o que ele fazia, mesmo. Não era Egito, não era marxismo. E, no entanto, esse afastamento historiográfico nunca foi motivo para que não houvesse entre nós uma profunda estima e muito respeito. O prof. Ciro marcou a minha geração, a minha formação. Ele estava lá quando entrei no ICHF, caloura, em 1986. Disciplina: História Antiga do Oriente. Professor assombroso, lembro de pensar. Era exatamente a ideia que eu tinha de um curso universitário. Desde então, o prof. Ciro esteve sempre muito próximo da minha "turma". Era polivalente. Faltou professor de história moderna? Ciro Flamarion vai dar o curso. A Virgínia Fontes vai fazer doutorado na França? Ciro Flamarion vai substitui-la no curso de teoria. E a profa. de H da América saiu em licença médica? Ciro Flamarion entra em sala. E, enfim, nos encontramos novamente num curso dele, monográfico, História Antiga e Medieval.  Nunca fui orientanda do prof. Ciro. E, no entanto, considero-o uma das maiores influências presentes na minha vida acadêmica. Não é a história que eu faço. E daí? Era bom. Isso é o que importa. É o começo e o fim de qualquer tarefa na qual a gente entre como professor e como aluno. Isso eu aprendi com ele. De longe, obrigada.

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Depoimento de Suely Gomes da Costa

No doutorado, fui ouvinte de seu curso sobre análise de discurso. Devo-lhe leituras seminais sobre o Brasil. Elas me foram fundamentais para a tese de doutorado e para minha cultura histórica em geral. Com muita honra, convidei-o e tive-o na minha banca – a tese trata das  economias de tempo. Foi extremamente estimulante!  Antes do exame, chamou-me, discretamente, num canto, e mostrou-me um relógio de sol... Um gesto de atenção, como que me dizendo: sei bem do que fala.  Na minha banca, sem deixar de ser crítico,  concedeu-me mil estímulos e, creio, foi o melhor desse meu exame.

Por seu estilo e sua sinceridade,  sempre gostei muito dele, pessoalmente. Lamento não ter sabido ser mais próxima dele... (Ou será que ele era um intelectual que dava atenção, mas preferia gerenciar a proximidade de forma protegida?)

Obrigada por esse memorial! Nada mais pertinente para quem tanto semeou...

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Depoimento de Ivonaldo Leite

O meu primeiro contacto com o professor Ciro foi por meio de duas das suas diversas obras: Os Métodos da História (com Hector Pérez Brignoli) e Uma Introdução à História. Eu era um jovem estudante de história, e estes e outros livros seus me foram leituras  preciosas. Posteriormente, frequentei um minicurso dele num congresso que me foi fundamental: pelo conteúdo e pela preliminar de uma resposta que ele deu a uma pergunta que fiz. A pergunta foi numa dupla perspectiva: sobre a análise que fazia das abordagens da história do tempo presente e das tipologias do capitalismo dependente na América Latina elaboradas por teóricos da dependência. Antes de responder, ele derreou um sorriso com uma ponta de sábia  ironia e disse: “como historiador, você está fazendo boas perguntas de sociólogo”. Penso que isso contribuiu para que eu me virasse de fato para a sociologia, embora não estabeleça uma dicotomia entre essas duas ciências. Gratidão! Shanti, shanti, shanti!

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Revista de História – Biblioteca Nacional (07/2013)

ENTREVISTA COM CIRO FLAMARION CARDOSO: UM GRANDE




REVISTA DE HISTÓRIA: Por que as pessoas estão, aparentemente, mais interessadas por História?

CIRO: FLAMARION CARDOSO Não acho que seja algo novo. Desde que institucionalizaram a pós-graduação no país, na década de 1970, o número de cursos vem aumentando. Ainda assim, a História não é um curso dos mais populares. O curioso é que as pessoas têm buscado a História para estudar o século XX, o século XXI, períodos cada vez mais recentes, mais próximos de nós.

RH: É a chamada História do tempo presente.

CFC: Pois é. Ou História imediata. Eu me pergunto: por que esse tipo de pessoa não vai fazer, por exemplo, Sociologia? Acho que há várias respostas. As pessoas acreditam que a História oferece uma informação talvez mais articulada. Por mais que se afirme que ela acabou, a História ainda tem uma dialética: passado, presente, futuro.

RH: E a Antropologia?

CFC:  A Antropologia nos apresentou novidades muito importantes. Talvez a mais interessante tenha a ver com o conjunto de tendências interacionistas também conhecidas como individualismo metodológico. Estou me referindo a nomes como Jon Elster, que encabeçou a tendência de se concentrar não somente nas ações e interações individuais, mas também na institucionalização de uma parte do resultado delas, que constitui, afinal de contas, o social. Se assim não fosse, como explicar fenômenos de longa duração como o da guerra entre os Dâni da Nova Guiné, com um longo ciclo “ritual” pouco mortífero e um curto ciclo “secular” ou “mundano” marcado por grandes carnificinas? Se as ações e interações individuais só criassem fenômenos evanescentes, não seria de se esperar exemplos desse tipo. E as pessoas não teriam de “aprender”, mediante processos de socialização, a sociedade em que nascem, como acontece.

 

RH: Quais são os principais problemas nessa aproximação com outras áreas?

CFC: Ao se apossar da Antropologia, o historiador deve ficar ciente de que não está fazendo Antropologia. O que ele está fazendo é uma história “antropologizante”, mais voltada para interações sociais vistas no detalhe. Outro problema é a confusão entre temas e estratégias. Por exemplo, a micro-história não é um tema, é uma estratégia, uma forma de recortar o objeto. História comparada também não é um tema, é um recorte: trabalhar com mais de um caso ao mesmo tempo e comparar parâmetros.

RH: Mesmo alterando o foco, não se perde a noção do todo.

CFC: Isso é o mais interessante: o diálogo entre micro e macro, como na escola italiana, com Carlo Ginzburg e Giovanni Levi. Essa aproximação com a Antropologia já dura várias décadas e talvez seja o aspecto mais novo e mais interessante da História nos últimos tempos, desde que feita adequadamente. Meu último curso na UFF, de extensão, chamou-se “Antropologia para Historiadores”. Não acredito na interdisciplinaridade, e sim na transdisciplinaridade. Ou seja: trazer conteúdo de uma disciplina para outra, segundo as lógicas desta outra que recebe.

RH: E qual é a lógica do historiador?

CFC: O historiador é profundamente empirista. Ele tem preocupação com a fonte, com o dado, com o fato, com o processo. Quando você pergunta a alguém o que está estudando em História, recebe uma resposta do tipo: “Ah, eu estou estudando a Revolta da Vacina”. Uma coisa bastante definida no tempo, um processo delimitado. O antropólogo pode se interessar, por exemplo, por campesinato ou religião de modo geral, seja na Nova Guiné, na América Latina ou no Caribe. Um historiador só se sente seguro se o que ele disser for apoiado em grande quantidade de documentação. Por isso tem dificuldade em generalizar.

RH: O discurso historiográfico se transformou nas últimas décadas?

CFC: O mundo deu uma guinada no período de 1955 a 1965. Uma série de transformações se tornou visível nessa década, a começar pela reconfiguração do mercado de trabalho e por uma urbanização muito radical. A História não dava mais conta da vida que as pessoas de fato viviam. As relações sociais tradicionais e os pontos de referência, como casamento, família, sindicato, partido e nação estavam se desgastando muito rapidamente. O movimento francês ocorrido em maio de 1968 e outros ocorridos no mesmo ano em várias partes do mundo eram a manifestação de um mal-estar diferente. Mudaram as relações pessoais, e havia certa insegurança em matéria ética também. As pessoas talvez não soubessem muito bem o que andava mal, o que as incomodava. Nas últimas décadas, a sociedade não mudou só de etapa; ela se tornou radicalmente outra. Por isso é que hoje em dia se procuram novas maneiras de chamá-la. “Sociedade da informação”, não é isso? Ou coisas assim. Porque, de fato, os parâmetros antigos se aplicam mal.

RH: Como surgiu seu interesse pela História?

CFC: Eu comecei gostando de História Antiga, mais exatamente de egiptologia. Era adolescente, tinha 13 anos, e estava fascinado pelo Egito Antigo. Devo dizer que naquela mesma época eu também gostava muito de Astronomia e de insetos, especialmente as formigas. Além disso, fui músico profissional, tocava piano. Só abandonei a música como algo central quando já estava na faculdade, porque não aguentei levar as duas coisas. Tive que fazer uma opção.

RH: Chegou a se arrepender em algum momento?

CFC:  Não. Foi a opção certa. Eu era bom no piano, mas nunca seria de primeira linha. Em História, acho que pelo menos fui mais original.  Mas tive de convencer primeiro a minha família. Meu pai era filho de um farmacêutico do interior de Minas. Ele queria muito, com muita força, que eu fosse médico. Mas eu não tinha a menor vocação. A resistência de meu pai só cedeu às vésperas do vestibular, feito em 1962.

RH: Como foi o período na universidade?

CFC Meu interesse era por História Antiga. No entanto, o catedrático de História Antiga, na atual UFRJ, era o Eremildo Luiz Vianna, o maior dedo-duro do Rio. Ele teria um papel direto naquela caça às bruxas de 1968, quando vários professores foram aposentados. Então, não havia a mínima condição de trabalhar com ele. Eu acabei sendo atraído pela História Moderna e Contemporânea e pela professora Maria Yedda Linhares. Trabalhei com ela até ir para a França no doutorado. Foi Maria Yedda quem me conseguiu a bolsa francesa.

RH: E voltou logo ao Brasil?

CFC Queria voltar quando acabasse o doutorado, mas o mar não estava pra peixe. As pessoas diziam: “Não volte, fique por aí. Você foi arrolado em três Inquéritos Policiais Militares (IPMs) e será preso ao chegar aqui”. Usei esse período para cobrir o que eu via como uma deficiência muito grande, minha e em geral do Brasil, que era a falta de conhecimento de teoria e metodologia. Não é por acaso que o primeiro livro mais ou menos de importância que eu fiz foi sobre metodologia [Los métodos de la Historia, 1974], quando fui trabalhar na Costa Rica. Uma colaboração com Héctor Pérez Brignoli, que tinha sido meu colega na França. Voltei para o Brasil com a Anistia, em 1979, depois de ter trabalhado na Costa Rica e no México.

RH: Voltou como professor de História da América?

CFC: Sim, fui contratado para trabalhar na pós-graduação da UFF, que na época tinha as áreas de Brasil e América, então fiquei com História da América. Isso é outra concepção equivocada: separar a História em fatias. Diferenciar História Geral de História do Brasil. O que é “História Geral”? Ainda hoje, certos programas de pós-graduação separam História da América e História dos Estados Unidos. Os Estados Unidos estão onde? Em Marte? Misturam o critério cronológico com o geográfico de uma maneira absurda. Tem uma coisa meio moralista também de achar que o Brasil precisa ser prioritário de maneira absoluta e a História Geral só deve se envolver naquilo que for útil à História do Brasil. A maioria das pessoas pensa que essa é uma posição de esquerda, mas não: isso nasceu com o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Nasceu de uma concepção nacionalista romântica de século XIX. Então, Idade Média tudo bem, mas só o final dela. Portugal no século XIV e XV, sim. Alta Idade Média, não. Não estou negando a importância da História do Brasil; acho correto esse compromisso. O problema é o exclusivismo. A história humana é uma coisa só.

RH: Sua escolha da História Antiga, então, deve ter causado estranheza.

CFC: Desde a época de estudante, havia certo tipo de pessoa que dizia que era um absurdo fazer Antiga e Medieval no Brasil: “Não houve aqui História Antiga, nem houve Medieval, portanto, não há museus importantes, não há sítios arqueológicos, não há uma vivência desse tipo de passado”. Em 1981, dois anos depois que voltei ao Brasil, houve uma lei que permitia às pessoas entrarem para o quadro universitário sem concurso. Os que, como eu, já estivessem lá por contrato, poderiam escolher a área. Eu escolhi Antiga e Medieval. As pessoas ficaram estarrecidas. Não conheciam minha trajetória.

RH: Como o senhor se inseriu na historiografia brasileira na década de 1970?

CFC: Os modelos usados no Rio eram diferentes dos de São Paulo. O professor Nelson Werneck Sodré, por exemplo, nunca teve grande influência em São Paulo, embora no Rio ele tenha sido uma figura destacada. Aquelas noções de um marxismo que via etapas universais, a ideia de uma unilinearidade dos modos de produção que levariam ao comunismo... Naturalmente, isto não me convencia, já que acreditava na multilinearidade da evolução. Eu me inseri nas discussões sobre os modos de produção na América Latina da época colonial por esse viés, como crítica de um marxismo quadrado, stalinista, fechado e unilinear.

RH: Quais são os seus combates atuais?

CFC: Nossa historiografia está voltada para duas coisas que costumo combater: a nova história cultural e o pós-modernismo, nessa ordem. Até porque o pós-modernismo não é lá muito importante no Brasil, ao contrário dessa nova história cultural. Ela insiste na importância do cultural e no fato de que a cultura não é gerada diretamente pelo econômico ou pelas estruturas. Para mim, o cultural tem uma base social. Não faz sentido estudar a cultura sem ver essa base social. E tem o extremo do pós-modernismo: dizer que não há nenhuma verdade, apenas versões. O professor [Francisco José Calazans] Falcon escreveu várias vezes que o historiador, por mais vociferante que seja nessa afirmação da inexistência de verdades, sempre acha que o seu tema existe [risos]. Os pós-modernos não fazem desconstrução de si mesmos, só dos outros. Mas o que mais me incomoda é uma historiografia que não se mostra muito preocupada com o mundo ao qual pertence. Numa época de globalização, por exemplo, valorizam-se não a economia ou as estruturas sociais, como seria de se esperar, mas sim apenas aspectos subjetivos individualistas. 

 

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